Saúde na escola – uma prática a ser aprendida
Para Rudolf Steiner, criador da pedagogia Waldorf, o ensino deve ter um carácter sanador, tendo por meta dar suporte e promover o desenvolvimento integral saudável do ser humano, comportando as esferas corpórea, psíquica e espiritual.

A estrutura da pedagogia Waldorf aponta para a valorização da individualidade, afirmando que, quando esta individualidade (comandada pelo seu componente espiritual) está harmonicamente organizada resulta em um desenvolvimento e crescimento saudável.
Muitas vezes, as escolas mesmo possuindo bases pedagógicas sanadoras, encontram desafios que a nossa época nos impõe. Um crescente número de crianças com dificuldades de aprendizagem e famílias carentes de orientação, fazem com que as escolas muitas vezes não tenham as ferramentas necessárias para atender tamanha demanda. Professores e instituição escolar também precisam de suporte adequado e uma formação contínua e especializada na área da saúde.
Perante esta demanda cada dia mais frequente nas escolas, o Mover o Saber, criou este projecto, procurando unir as práticas da Pedagogia Waldorf, através da Pedagogia Curativa e Método Extra Lesson e as práticas da Medicina Antroposófica , dialogando este conhecimento com os princípios da abordagem Pikler e bases cientificas da psicopedagogia, psicomotricidade e neurociências.
A salutogênese propõe analisar as condições ideais que todo indivíduo precisa para o seu desenvolvimento ao longo da vida, numa aprendizagem constante desde a mais tenra idade, cujas experiências o capacitam a “desviar” e/ou “lidar”de maneira adequada com situações críticas, ou seja, adquirir um alto grau de “resiliência”.
O objectivo deste trabalho é dar o suporte necessário à instituição escolar, fornecendo estratégias adequadas ao fortalecimento da “resiliência”de seus membros, cuidando da instituição como um organismo vivo que precisa de um suporte adequado, fornecendo-lhe ferramentas para que possa caminhar autonomamente na promoção da sua saúde.
O movimento pela inclusão de pessoas com necessidades especiais, dentro das escolas regulares de ensino, é um movimento de profunda transformação da nossa época, tornando necessário o diálogo constante entre a Pedagogia Waldorf e a Pedagogia Curativa (Educação Terapêutica). Os professores que geralmente estão direccionados às três grandes áreas do ser humano: pensamento, sentimento e vontade, agora precisam de actuar no seu dia-a-dia com as polaridades em desequilíbrio e, muitas vezes, não tem formações específicas nem instrumentos para tal.
“Ajudar as crianças que precisam se conciliar no seu caminho de encarnação com as maiores e mais pesadas dificuldades; realizar essa ajuda a partir de uma compreensão espiritual do ser humano, de uma visão real da encarnação de cada caso no contexto global do seu destino; fazer isso tudo num grupo de pessoas, em conjunto e com uma disposição crístico-religiosa – essa era essencialmente a Educação Terapeutica Antroposófica, de acordo com Ita Wegman”
O acto de ensinar torna-se desta maneira uma questão da saúde, e a saúde, primariamente, uma questão pedagógica. Ensinar a ser saudável é a nossa principal tarefa enquanto grupo terapêutico com base antroposófica. Cuidando e fornecendo instrumentos necessários para que a instituição escolar e as famílias possam fortalecer-se, cumprindo a sua missão de cuidar de crianças que sejam capazes de viver saudavelmente e em plena liberdade.
O Impulso Micaélico no Movimento da Pedagogia Curativa*
Por Mônika Lustosa Polati, Pedagoga Curativa e Professora Waldorf Época de Micael/2007